Os que só desejam informações utilitárias a respeito do atendimento pulam para parte III.
PARTE I
Central do Brasil. Dezembro de 2015. 23 horas 30 minutos.
Pirusão andava errante pela Central numa atmosfera sombria. A escuridão do firmamento confundiam o céu e a terra. Rajadas rigorosas de aquilão causavam tremeliques nos anômalos que se arriscavam a transitar em horas tão impróprias. As ruas imundas, tomadas por um odor nauseabundo de urina com cerveja, eram povoadas por toda sorte de criaturas medonhas: vagabundos, transgressores do status quo, maltrapilhos, viciados, meliantes e outros tipos de vida, pelas quais um homem razoável julgaria não valerem um centavo.
Em meio aquele cenário dantesco, uma cena radiante, contrastando com o panorama nefasto, chamou a atenção de Pirusão. Entre miseráveis, esqueléticos, desfigurados e cativos de impulsos viciosos e demais amargurados que eram exumados momentaneamente dos seus dissabores ao interagirem com jovens trajados com túnicas marrons e esfarrapadas, envoltos com uma corda na cintura. O riso agradável dos jovens, patenteado seus íntimos excelsos, contagiava um punhado de famélicos, produzindo um adorável espetáculo à parte. Eram jovens franciscanos.
Sempre houve, e até que os séculos se consumam, haverá, no Rio de Janeiro, uma casta seleta de indivíduos cujo propósito de vida consiste em compadecer-se e minorar, dentro de suas possibilidades, os infortúnios dos mais atribulados. De tal gente flui uma compaixão ingênita, um anseio inato em ajudar, uma vontade desinteressada em remediar as aflições. Uma mãe talvez não fosse melhor.
Os mais miseráveis dentre nós, assim como o povo carioca de uma maneira geral, estão propensos a esquecer dos infortúnios da lida em face de um gesto amistoso ou de um gracejo. De pessoas assim é fácil angariar a afeição. E se porventura, calha de o benfeitor ser alguém impregnado de virtudes morais, Deus meu, a consideração dos desafortunados para com ele chega às raias da devoção, um verdadeiro culto em vida. O segredo do carisma desses jovens reside na impossibilidade de em externalizar qualquer sinal de distinção em relação ao desafortunado. Despido das peias das diferenciações convencionais, o miserável vê nele alguém que comunga do mesmo status ontológico que o seu, não um ente distinto. O chiste mais insosso torna-se então irresistível.
Devemos lamentar a inexistência, em nosso tempo, de um Dostoiévski ou de um Stendhal, que esmiuçassem a fundo a alma de tais benfeitores. Falo isso, pois esses Assis hodiernos são verdadeiros enigmas, extravagâncias extemporâneas, Quasimodos existenciais cujos desprendimentos total e desinteressado denunciam a rispidez espiritual de uma era em que os homens se tornaram escravos de toda sorte de vaidade, poder e riqueza.
Quem sabe penetrando no interior de seu patrono, não adquiriremos luzes sobre essa gente.
PARTE II
Inicio do século XIII, Assis. Um homem adentra no interiro de uma caverna escura em espírito de penitencia. Nela morreria e dela sairia como outro homem, sua individualidade passaria por uma reversão completa. As consequências da metamorfose sentir-se-iam na maneira impar e apaixonante como trataria os homens. Daquela cova, verdadeiro braseiro de compaixão e caridade, emergiu uma das mais incógnitas, belas, fascinantes, apaixonantes e impactantes personalidades que o gênero humano já conheceu.
O que me interessa em São Francisco não é a exatidão factual das estórias que se desenvolveram em torno do homem. Deixo-as essas divagações estéreis para eruditos imbecis e arrivistas, nada disso me interessa. O que me importa nele é o seu instinto e o clima moral que favoreceu o seu crescimento, sua maneira peculiar de encarar a vida.
Antes de tudo: existe uma enorme diferença entre o homem que via o próprio ser em outros homens, movido por uma compaixão sem limites, e aquela figura idealista, cuja imagem se aproxima mais de um Quixote romanesco, que a tradição consagrou. Porém mais abominável foi reduzi-lo a um ícone da emancipação de grupos oprimidos ou ativista de causa coletiva, atitude repulsiva feita pela canalha progressista.
A compaixão de Assis não deriva de conhecimentos abstratos. Não pode ser apreendida, muito menos ministrada. Não se adquire e muito menos se suprime com palavras. Resulta de uma penetração intuitiva da condição humana. A civilização se quer foi por ele referida. O conceito, conquista imaterial que nos foi legado pelos gregos, também não lhe era conhecido. A dialética lhe era estranha, bem como a noção de algo pode ser provado mediante observação-experimentação. Conferências, prelações e todos os tratados sobre éticas jamais produzirão algo como esse vulto.
Assis faz parte daquela falange rara de individuo que, transcendendo a esfera ordinária da individuação, ascendeu à essência verdadeira das coisas. Aqueles que passaram por semelhante experiência não estão mais suscetíveis a vãos juízos e convenções terrenas. Compreende a natureza humana em sua essência, suas dores, seus aniquilamentos, suas angustias, seus tormentos, suas queixas, suas angustias e desventuras. Para onde quer que volva os olhos não enxerga manifestações individuais apartes, reconhece a si e vê nos homens uma fraternidade universal. Esse espírito fraterno não é o trivial tapinha nas costas,não é afetação, nem tampouco resulta de ligações utilitárias de camaradagem feitas ao sabor das circunstancias e dos interesses. É o entrelaçamento de almas. Não fazendo distinção entre sua pessoa e os demais homens, compadece-se do destino de todo um gênero. O espírito franciscano – com as devidas restrições a essa expressão – será praticável em todas as eras, e com a mesma sensibilidade capaz de cativar um Heathcliff.
Assis é o autentico hominis cosmopolitan. Não faz diferença entre judeu e gentio, cristão e pagão, compatriota e estrangeiro. Sua pátria é o mundo. Toma as auguras alheia como se fossem as suas, nenhum tormento lhe é indiferente. Ao som de gemido trata de minora-lo, as angustias que toma ciência busca suaviza-las ao ponto de sacrificar-se. Se o acusam, não se defende, não resiste, sonda mansamente e brandamente o interior do acusador, traz a lume sua malevolência e erro, consola e o trata com indulgencia. Ele é uma incógnita para os homens, mas ninguém é uma incógnita para ele.
A maioria de nós não compreenderá Assis, ainda que rudimentarmente. Isso porque o véu de Maya nos seduziu de tal modo que só concebemos aquilo que nos toca pessoalmente. Vivemos num movimento incessante de busca pelo gozo e fuga da dor pessoal, lançado nos tormentos íntimos entre a tensão desses dois pêndulos. Que miséria geral nos assola. Muito pelo contrário, Assis que penetrou na essência da condição humana, renunciou de bom grado os gozos, obtendo um estado de quietude e repouso invejáveis. Torno a repetir que tal postura não é produto de uma casuística, raciocínios demonstrativos ou probabilísticos, mas de um conhecimento intuitivo da humanidade. Todas as delimitações, que aos nossos olhos nos separa dos outros homens, em Assis havia ruído. As angustias dos homens calavam-lhe fundo. Em lugar do ressentimento, cólera e a aversão que caracteriza as relações comuns, desperta a compaixão e a piedade evangélica.
O Summum bonum franciscano é o novo mandamento. Mas esse sumo bem não é um mero assentimento intelectivo de uma crença. É produto de um instinto profundo, mas forte que o instinto de conservação, em que o amor é a única possibilidade de ser. Não se trata aqui da noção piegas de amor moderno (Eros), mas no sentido Ágape, um entrelaçamento de almas. Cáritas não só como meio, mas como o único modus vivendis possível, como condição sine qua non de se sentir no reino dos céus. O suave Montaigne, que tão vivamente experimentou esse tipo de amor, dá-nos o seu retrato: “As almas entrosam-se e se confundem em uma única alma, tão unidas uma a outra que não se distingue, não se lhe percebendo se que a linha de demarcação. Se insistirem para que eu diga por que o amava, sinto que o não saberei expressar senão respondendo: porque era ele; porque era eu”. Na mesma toada, Leibniz diz austeramente: “Distingue duas espécies de amor: isto é,o amor que denominam de concupiscência – o qual não é outra coisa senão o desejo ou o sentimento que temos com relação aquilo que nos dá prazer, sem que nos interessemos se ele tem prazer – e o amor de benevolência, o qual consiste no sentimento que temos por aquele que pelo seu prazer ou felicidade nos faz participar disso. O primeiro nos faz visar ao nosso prazer, o segundo nos faz visar ao prazer de outrem, mas como que fazendo ou constituindo o nosso prazer, pois se o prazer do outro não se refletisse em nós de alguma forma, não poderíamos interessar-nos por ele visto ser impossível – diga-se o que quiser- desapegar-se do próprio bem. É assim que se deve entender o amor desinteressado ou não mercenário, para bem compreender sua nobreza.” E Aristóteles, por sua vez: “Notamos que ele ama o ojeto amado como ele próprio, e não por ser outro”
Se a compaixão é o instinto do franciscano, sua consequência é dirigir a piedade aqueles que incessantemente estão expostos aos tormentos da lida. O Deus de Abraão, Isaac e Jacó torna-se o Deus dos “sobrecarregados, cansados e oprimidos”. Adonai transforma-se no pai dos doentes, dos decadentes, dos fracos, dos sem esperança, dos deserdados, dos ressentidos, dos párias, dos estafados existenciais, dos exauridos, dos decrépitos, dos inválidos, dos atormentados, dos que rastejam. Seus potenciais filhos estão por todas as partes, para onde que volvamos os olhos: estão nas vielas obscuras, nos guetos imundos, nos lazaretos, nos leitos cirúrgicos, nos presídios, nas pocilgas insalubres, nas tavernas sórdidas, nos submundos dos dependentes químicos, nos esgotos, e em todos os antros nefastos onde jazem aqueles que decaíram no mais baixo da degeneração.
Assis vive.
O ministério de Assis foi fugaz. Pouco mais de duas décadas de atividade pública e em seguida ascendeu à eternidade. Porem seu impacto reverberará até o fim dos tempos. Dois anos após sua morte foi canonizado. Quase cem anos depois, Alighieri recusando as pompas fúnebres papais, solicitaria ser sepultado com os trapos que caracterizaram o Santo. Não seria exagero em afirmar que apenas dois homens viveram o espírito do evangelho: O que foi esfolado no madeiro entre dois ladrões e Assis. Quer uma imagem exata de Francisco? Imagine um homem assentado numa montanha, inacessível a toda instabilidade da existência, liberto de todas as aspirações baldadas, de todos os esforços desiludidos. Embaixo, triunfa as procelas do querer que flagelam terrivelmente os mortais, inibindo-os de ascenderem as alturas excelsas onde paira acima de todos o homem. O homem, no entanto, não fica recolhido usufruindo da quietude e serenidade destinada aos santos. Volve os olhos para baixo, contempla o espetáculo de terror, miríades de verdadeiras tragédias, mas sem o que de nobreza das personagens trágicas gregas. Constata uma busca insana por poder, riqueza, nobreza e honra. Percebe que a maioria é desapontada. E que outros, uma vez obtido a fortuna almejada, percebem que ela não cumpre os anseios de quando era apenas uma quimera. Todos lamentam e se sentem confundidos. O homem movido por uma compaixão e abnegação sem limites, se vê refletido nos demais mortais. Conjugando a mente afiada de um Sócrates e um coração tenro de madre Teresa, esse homem empreende todos os esforços a seu alcance e se esforça para aliviar as dores dos demais. Embora em contato permanente com as misérias e lagrimas dos mortais, esse homem não os socorre numa atmosfera tenebrosa e taciturna. Mas num jubilo e felicidade superior à satisfação dos desejos ordinários. Esse homem atingiu o cimo da existência terrena. Acertadamente, sobre ele o poeta disse: foi uma "luz que brilhou sobre o mundo" .
Pirusão se dirigiu ao recinto das marafonas.
PARTE III
Trombei com algumas ex-Rios.
Optei pela Milene ( acho que esse era o nome). 22 anos. Carioca. Expressões suaves. Tez razoavelmente amorenada. Cabelos em ordem, lisos e castanhos claros. Falsa magra. Seios médios e empinados. Bunda tonificada pela musculação. Sorriso gracioso..
Em principio aparenta ter de índole tímida, ar recatado. Mas com o avançar da conversa se solta, mas sem excessos, uma faceirice moderada. Conversa leve e agradável. Figura deliciosa.
É restritiva. Mama só com capa e não faz anal. Excetuando essas recusas, na transa se entrega, não vacila em nada mais. Beijou despudoradamente, apertou-me de encontro ao seu corpo. Sua fisionomia transmudou-se durante a penetração, desfazendo a expressão reservado no salão, e adotando um semblante de êxtase. Realmente estava curtindo o momento.
Positivada e recomendada.