Perguntam-me em que local podemos nos entregar ao deleite carnal, blasfemar da moralidade prevalecente, escarnecer do decoro público.
Respondo que é em Bonsucesso, na Rios
American Bar, onde Giacomo Casanova teria encetado aventuras, se não tivesse nascido em alhures.
Madrugada do dia 19 de setembro de 2014. Perambulava eu em Bonsucesso, por aquelas ruas, onde firmas comerciais coexistem lado a lado com casas de arquitetura de traços neocolonial.
O céu estava permeado em brumas úmidas, raríssimas estrelas lucilavam no firmamento. Os silvedos a serem aparados, bem como as amendoeiras, balouçavam com as frementes virações do nordeste.
De resto, pairava um silencio catacumbal. Um notívago mais sagaz ouviria do ignoto um doce som, era Pã. Sentir-se-ia panteisticamente fundido a natureza. Sua individualidade desvanecer-se-ia confundindo-se com o universo incomensurável.
Adentrei no lupanar.
Ao fundo tocava:
E lá eu ia, estando mais uma vez na sala de sinuca, a troçar frivolidades com frequentadores antigos da casa. A embebedarmos. A transgredirmos a pudicidade necessária ao equilíbrio social. A fazermos comentários estúpidos enquanto assistíamos ao jogo de futebol no telão. A jubilarmos, juntos as celeradas contra status quo. As perdidas, cujas almas foram escravizadas por Mefistófeles a troco das glórias terrenas, temporárias e ilusórias...E assim vai o mundo.
Entre um conversa e outra, sentou-se ao meu lado CARLA.
21 anos. Carioca. Tez matizada de amorenado claro. Falsa magra. Rosto fino. Cabelos lisos, longos e castanhos claros. Tempera animada, espontânea e brejeira, mas sem exageros.
Carla é uma dessas raparigas suburbanas que, encontramos aos montes na Zona Norte em fins de semana, chacoalhando as ancas ao som de funk, em latíbulos como o Olimpo.
Tal é em poucas linhas a descrição de Meretriz.
Sentou-se ao meu lado com sorriso jovial estampado no rosto. Escusado dizer que tarei na cachopa instantaneamente. Meus olhos esbugalharam, quase saltando as orbitas.
Em poucos minutos nos agarrávamos afoitamente no salão. Meus dedos roçavam na sua bucetinha. De supetão tentava-lhe lascar um beijo. Bolinava seu corpo jovial. Era toda ela alegre, risos espontâneos. A sensação era de um deleite extreme.
Impossível a um mancebo não deixar-se enredar pelas nódoas da torpeza que me apetecia.
Fechei 40 min. Mas não sem antes perguntar:
- O que não faz na cama?
- Tudo, menos anal – me respondeu jocosamente.
- Então não faz tudo. Por que não faz anal? – atalhei com uma nova pergunta
- Porque dói. Não me sinto bem.
- Eu só vou bota a cabecinha, não vai doer – insisti.
- Não e não – recusava ela em tom cândido.
Acabei me resignando.
Do sexoHá momentos fortuitos cuja intensidade das ações destoa da sua efemeriade temporal. Tornam-se indeléveis na memória. Perpetuamente os recordamos de bom grado, enquanto o fôlego nos der alento.
Assim foi o sexo com Carla.
Beijou-me intensamente, despudoramente e de forma quase ininterrupta.
Acariciamos mutuamente nossas genitálias.
Mamou no coro, babado, afoitamente e na pressão. Uma exímia boqueteira. Há tempos não recebia um boquete com tamanha destreza.
Kikou por cima. PPMM. D4.
Tudo com muita entrega, voluntariedade, beijação, tapa na cara. A propósito minhas costas ainda guardam marcas dos arranhões, bem como meu tórax, marca de chupão.
A catraia parecia ter saído de um cativeiro em que fora coagida a viver em jejum sexual, numa reclusão monacal involuntária.
Enfim, momento indivisível.
Após o coito, trocamos umas ideias. Dentro de duas semanas alçará voos para além das fronteiras da Leopoldina. Pousará em lupanar que lhe renda maiores pecúlios.
Rio de Janeiro, 2014.